Renata Steffen
O John Snow que todo designer deveria conhecer

Ele é personagem de livro e filme. É considerado herói por muitos. Mas não é do Snow de Game of Thrones que estamos falando. Nosso Snow foi um médico epidemiologista que trabalhava Londres no final do século 19, época em que grandes surtos de cólera matavam milhares de pessoas por ano.
Hoje sabemos que a cólera é transmitida por uma bactéria que vive na água. Porém, imaginem o cheiro de uma cidade de mais de 2 milhões de habitantes (a maior naquele tempo), sem saneamento básico e com vacas e galinhas nos fundos das casas. Não era estranho que as autoridades achassem que o contágio era pelo ar.
Então, em 28 de agosto de 1854, começa um surto de cólera no bairro do Soho, centro de Londres. Em 5 dias, quase 10% dos moradores do bairro tinham morrido. Nosso herói, John Snow, morava e trabalhava ali. Ele já estava há 4 ou 5 anos estudando e escrevendo artigos acadêmicos, argumentando com as autoridades que a contaminação era pela água. Mas não tinha como provar. Nessa ocasião, viu a oportunidade perfeita e começou a investigar o caso. Então Snow fez um mapa e desenhou um traço para cada caso de cólera no endereço onde o paciente morava. No mapa fica claríssimo que a maioria das mortes estava em torno de uma bomba d’água localizada na Broad Street.

Muitos autores consideram esse o mais importante infográfico da história. Alberto Cairo diz que é a sua visualização de dados preferida. De fato, o mapa de John Snow é tão importante para a história da medicina quanto para a do conteúdo visual. Ao longo da história, fica mais clara a importância de visualizar os dados, de mapear, de pôr no papel.
O mapa é o mais alto grau de pensamento abstrato, pois não apenas faz uma redução da realidade, mas também permite descobrir coisas que permaneceriam desconhecidas se não fossem mapeadas.
Fontes: “El arte funcional”, Alberto Cairo; “A geração superficial”, Nicholas Carr; www.johnsnowsociety.org; Wikipedia; TED